França

Muçulmana é impedida de usar `burquini' em piscina em Paris

Ne10
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Publicado em 12/08/2009 às 15:26
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Uma mulher muçulmana que tentou nadar com um "burquini", vestimenta que cobre o corpo da canela à cabeça, foi impedida de entrar na piscina de seu bairro, no último conflito entre práticas religiosas e a autoridade secular na França.

Funcionários afirmaram nesta quarta-feira (12) que impediram que a mulher usasse a roupa de banho islâmica por causa dos rígidos padrões de higiene nas piscinas francesas, não por causa da hostilidade à vestimenta muçulmana.

Segundo a política de higiene, os frequentadores das piscina são proibidos de usar qualquer roupa larga ou que possa ser usada na rua, como bermudas, e podem usar apenas roupas de banho.

A mulher, identificada apenas como Carole, uma convertida ao Islã de 35 anos, reclamou de discriminação religiosa após tentar nadar com seu burquini no subúrbio parisiense de Emerainville.

Ela foi citada pelo jornal Le Parisien dizendo que havia comprado o burquini após decidir que "ele me permitiria o prazer de nadar sem me expor demais, como recomenda o Islã". "Para mim se trata apenas de segregação", disse ela.

As roupas religiosas são uma questão problemática na França, onde burcas e outras roupas que cobrem completamente do corpo de fundamentalistas islâmicos não contam com aprovação do governo.

Legisladores franceses propuseram recentemente a proibição da burca e de outras roupas muçulmanas volumosas. O presidente Nicolas Sarkozy apoia a medida, dizendo que tais roupas tornam as mulheres prisioneiras.

Mas Daniel Guillaume, o funcionário responsável pela piscinas, disse que a recusa em permitir que Carole usasse a instalação não teve nada a ver com religião e sim com padrões de saúde pública.

Ele disse que os frequentadores de piscinas em toda a França devem usar roupas de banho, enquanto um burquini poderia ser usado durante todo o dia, coletando desde saliva até suor durante o período.

"Essas roupas são usadas em público, então podem conter moléculas, vírus etc, que podem ir para a água e ser transmitidos a outros banhista", disse Guillaume, em entrevista por telefone.

"Nós lembramos a esta mulher que uma pessoa não deve se banhar toda vestida, assim como dizemos a qualquer um que é nudista que não pode se banhar nu", disse ele.

Guillaume disse que os padrões de saúde pública franceses exigem que todos os usuários de piscina vistam roupas apropriadas - roupas de banho para homens e mulheres - e toucas para cobrir os cabelos. Os banhistas também devem se banhar antes de entrar na água.

Guillaume disse que Carole tentou registrar uma reclamação numa delegacia policial, mas que seu pedido foi considerado sem fundamento.

Carole disse ao Le Parisien que vai protestar com a ajuda de grupos contra discriminação. A Associated Press não conseguiu entrar em contado com Carole nesta quarta-feira (12). As informações são da Associated Press.

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